segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

"Abra as janelas pra mim..."

Neste sábado estive como Gerson Borges, pastor e compositor da Comunidade de Jesus em São Paulo, no Drink Café Humaitá. Ele fez questão de trazer seu filhinho Bernardo de 5 anos para passar o fim de semana com ele aqui no Rio. No meio de toda distração das conversas e da música, algumas crianças corriam e disputavam espaço com os garçons da casa. Bernardo, entretanto, estava quieto com uma febre que insistia em deixá-lo visivelmente mais prostrado do que as outras crianças. Seu pai continuava tocando suas músicas, ainda que fitando os olhos no menino sempre. O bongô e os chocalhos que o Gerson trouxe para que seu filho o "acompanhasse" ficaram abandonados ao pé dos músicos. Não sei se mais pela "incapacidade" infantil ou pelo desânimo da febre. Fato é que vivi um daqueles momentos em que percebemos algo diferente no ar...

Parece que tudo silencia diante da voz de Deus que nos abre as janelas do céu em algumas cenas durante a vida. Quando o Gerson disse que cantaria a música
"Sobretudo Quando Chove" (vídeo) que tinha feito para o seu filho ali presente, o menino correu e se assentou numa caixa de som e ali ficou, aconchegado nas pernas de seu pai. Ora ele olhava atento às suas mão correndo pelo violão fazendo acordes que ele nem sonhava entender, ora baixava sua cabeça e descansava o olhar no colo do pai. Acabada a música, Gerson beijou a cabeça do filho, afagou-o, tocou mais uma música e encerrou sua apresentação.

Vi ali uma imagem da paternidade de Deus. Não são poucas as vezes que somos como Bernardo. Parece que todos ao nosso redor estão felizes e animados (vida de Orkut), menos nós. Há uma febre chata que não nos abandona. Uma profunda tristeza e melancolia. Até que ouvimos a voz do Pai cantando uma música composta exclusivamente para nós. Deus vai alegrando o nosso coração a cada pequena nova percepção da vida. Não entendemos nada dos movimentos de suas mãos, mas sentimos que podemos descansar em seus pés, como Maria ou como a mulher na casa de Simão. No final, pode ser que a "febre" até permaneça mais algum tempo, mas o beijo do pai nos dá a certeza do seu cuidado, atenção e amor.


No dia seguinte, Domingo, Bernardo já estava melhor, a percussão já não estava largada entre os músicos e o Gerson teve outra preocupação, a de fazer o filho tocar no ritmo correto da música. Acho que ele gostou mais desse segundo problema.

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